Pesquisa
Você sabe o que são bolsas PQ?
As bolsas PQ (Produtividade em pesquisa) são o nível mais alto de bolsas concedidas pelo CNPq, destinadas a pesquisadores que se destacam em suas áreas. Atualmente, são cerca de 15 mil bolsistas. O campus de Curitibanos da UFSC conta com quatro pesquisadores que possuem bolsas PQ (chamado(a)s popularmente de “pesquisadores PQ”): Prof. Dr. Alexandre ten Caten, Prof. Dr. Cesar Augusto Marchioro, Prof. Dr. José Floriano Barea Pastore e Profa. Dra. Júlia Carina Niemeyer.
Pedimos que os professore(a)s fizessem um breve resumo de suas carreiras e descrevessem a importância das bolsas PQ para o pesquisador e para a comunidade acadêmica.
Veja aqui alguns relatos.
Prof. Dr. Cesar Augusto Marchioro – PQ2 (categoria das bolsas PQ)
Sou graduado em Biologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná e possuo mestrado e doutorado em Zoologia pela Universidade Federal do Paraná. Desde 2013 sou docente dos cursos de graduação em Agronomia e Engenharia Florestal na UFSC campus de Curitibanos. Também atuo como docente e orientador no curso de Mestrado do Programa de Pós-graduação em Ecossistemas Agrícolas e Naturais (PPGEAN) nessa mesma instituição. Minhas atividades de pesquisa são realizadas com alunos de graduação e pós-graduação em temas sobre insetos de importância agrícola e os fatores que explicam como os organismos se distribuem no ambiente. Nossas pesquisas com insetos de importância agrícola incluem estudos sobre a biologia, ecologia e controle biológico de insetos-praga. Também, pesquisamos sobre como as atividades humanas afetam diferentes organismos e, nesse caso, avaliamos como as mudanças climáticas influenciam a distribuição de espécies e os riscos de invasão biológica por espécies exóticas. Esses estudos têm potencial para gerar produtos para a sociedade, seja pelo desenvolvimento de um método de controle de insetos-praga, por meio da proposição de áreas prioritárias para a conservação de espécies ameaçadas ou pela adoção de medidas que visem evitar a introdução de organismos indesejados no país.
Em 2022, fui contemplado com uma Bolsa de Produtividade PQ2. A bolsa de produtividade é uma importante conquista para minha carreira de pesquisador, pois é um reconhecimento e valorização das minhas atividades como cientista e formador de recursos humanos. O projeto de pesquisa vinculado à bolsa PQ, pretende avaliar se espécies exóticas invasoras conseguem ocorrer em ambientes diferentes daqueles encontrados em sua área de origem, e como isso afeta nossa capacidade de prever as áreas de risco de invasão. Com as atividades desenvolvidas, espero continuar avançando na carreira com a consolidação das parcerias existentes com instituições nacionais e a firmação de novas parcerias que incluam também instituições internacionais.
Profa. Dra. Júlia Carina Niemeyer – PQ2 (categoria das bolsas PQ)
Sou bacharel em Ciências Biológicas/Ecologia pela Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) (RS), mestre em Ecologia e Biomonitoramento pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) (BA) e doutora em Ecologia pela Universidade de Coimbra, Portugal. Desde 2013, sou professora dos cursos de Agronomia, Engenharia Florestal e Medicina Veterinária da UFSC do Campus de Curitibanos. Atualmente, sou docente das disciplinas de Ecologia Geral, Biologia e Ecotoxicologia do Solo e planejamento de TCC para a Engenharia Florestal. Também, atuo como docente e orientadora no Programa de Pós Graduação em Ecossistemas Agrícolas e Naturais (PPGEAN).
Minhas pesquisas são realizadas com estudantes de graduação e pós-graduação em temas relacionados à Ecologia de Ecossistemas e Ecologia Aplicada às Ciências Agrárias, especialmente, em Biologia do Solo, Ecotoxicologia Terrestre, e Avaliação de Risco Ecológico. O foco dos nossos estudos é usar a fauna de solo para avaliar e monitorar as condições do solo sob diferentes formas de manejo, sob diferentes composições vegetais, como plantios florestais ou agrícolas e agroflorestas e para avaliar efeitos de agrotóxicos ou de disposição de resíduos industriais. Estes estudos nos ajudam a entender quais estratégias no ambiente agrário podem promover a biodiversidade do solo e seus serviços, contribuindo na conservação do solo e no aumento da produtividade vegetal, ou mesmo diagnosticar o nível de ecotoxicidade de locais que sofreram com contaminação ambiental, ajudando a indicar estratégias de gestão.
Em 2021, fui contemplada com uma bolsa de produtividade pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), entidade ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações para incentivo à pesquisa no Brasil. O projeto envolve o estudo dos efeitos de agrotóxicos para a fauna de solo e o aprimoramento de metodologias de avaliação destes efeitos para cenários brasileiros. Para mim, foi uma conquista profissional muito importante porque é um reconhecimento em nível nacional para o meu trabalho como pesquisadora e formadora de recursos humanos. Além disso, valoriza o trabalho que tem sido desenvolvido de forma conjunta com meus estudantes de graduação, pós graduação e colegas aqui do campus nos projetos de pesquisa, e em redes de pesquisa nacionais e internacionais das quais faço parte. O que eu espero é ver mais colegas mulheres, pesquisadoras do nosso campus, conquistarem esse reconhecimento aos seus esforços pela ciência brasileira.
Prof. Dr. José Floriano Pastore – PQ2 (categoria das bolsas PQ)
A bolsa de produtividade tem auxiliado no desenvolvimento de pesquisas em diversas áreas da botânica: deste a sistemática molecular, botânica histórica, até na taxonomia clássica das famílias Polygalaceae e Lamiaceae. Uma das partes fundamentais da pesquisa em botânica é a coleta de espécimes vegetais em expedições de campo e ampliação do acervo do herbário de Curitibanos (CTBS). Nos últimos anos, a bolsa de pesquisa ajudou na organização de grupo de pesquisa de botânica histórica, o qual avançou em vários aspectos. Assim, atualmente, conhecemos melhor as localidades originais da famosa obra Flora Fluminensis do ilustre Frei Vellozo (considerado patrono da botânica brasileira), o primeiro botânico luso-brasileiro ainda do final do século XVIII! Como também, as espécies descritas da sua obra Florae Fluminensis estão sendo revisitada por meio de estudos em grupos específicos de estudantes nos programas de pós-graduação em botânica na UFPR e UFSC. Além disso, tenho me dedicado, nos últimos 20 anos, ao estudo das famílias botânicas Lamiaceae e Polygalaceae, com a descoberta de novas espécies e gêneros! O herbário CTBS, o qual sou curador, teve avanço considerável abrigando mais de 7.500 espécimes botânicos, destes 20 materiais originais, sendo um dos mais importantes herbários na família Polygalaceae no Brasil e américa do Sul, com uma coleção dedicada a flora da região do Contestado Catarinense e envolvimento de estudantes de graduação da UFSC Curitibanos. Por fim, o CTBS conta com uma coleção única e temática aos estudos da Flora Fluminensis, a qual é mantida em separado do acervo geral. Na sistemática molecular, vale mencionar estudos em filogenômica com parceria com pesquisadores do Royal Botanical Garden KEW (Londres), com estudantes de pós-graduação com foco na delimitação genérica e biogeografia.